A data da Páscoa ocorre no primeiro domingo depois a primeira lua cheia, que ocorre após o equinócio vernal. A igreja ocidental usa o calendário gregoriano para definir a data, mas a Igreja Ortodoxa usa o calendário juliano mais velho. Portanto, eles geralmente ocorrem em datas diferentes.
A Páscoa marca a consciência de morte e renascimento, da renovação espiritual. No entanto, este ciclo de morrer e ressuscitar é uma característica recorrente na maioria das mitologias mundo. Central para a idéia cristã da Páscoa é a cruz. Mas a cruz antecede o cristianismo; seu símbolo não tem idade, e permeia todas as culturas.
O estudioso Cirlot, uma das maiores autoridades mundiais em símbolos, explica que a cruz, como símbolo da “Árvore da Vida”, funciona como um emblema do “eixo do mundo”. Situada no centro do coração místico do cosmos, a cruz transforma-se, simbolicamente, na ponte ou escada através da qual a alma pode chegar até Deus. A cruz confirma assim a relação básica entre o mundo celestial e o terreno. Em outras palavras, é a através da experiência da crucificação (o conhecimento vivenciado dos opostos) que se chega ao centro de si mesmo (a iluminação).
O sinal da cruz aciona quatro fatores, e tem relação direta com os quatro elementos (fogo, água, terra e ar). Ele também se refere à Tetraktis ou Tétrade sagrada dos pitagóricos; aos quatro pontos cardeais; e ao Tetragrammaton, o nome de quatro letras da divindade na tradição mística judaico-cristã (IHVH).
O significado arquetípico do símbolo da cruz é sempre o da integração dos opostos: o eixo vertical (masculino) com o eixo horizontal (feminino); o superior com o inferior; o tempo com o espaço; o ativo com o passivo; Espírito e matéria. Quando colocado dentro do círculo é o símbolo de nossa própria Terra.
Como em uma encruzilhada, um momento de escolha e ajuste nos níveis pessoais, sociais e globais de ser.
Como um símbolo que transmite a compreensão da alma, nos impulsiona a participar de algo maior, que infunde sentido e permite que o mistério do sagrado se manifeste. No entanto, a grande cruz literalmente joga fora a velha forma de ser, e é nossa a escolha da forma como vamos participar.
A Páscoa nos oferece a metáfora de que a cruz é realizada dentro de um processo e podemos honrá-lo como um rito de passagem. É um feriado, um dia santo.
Neste importante período de celebrações temos a oportunidade de criar espaço para uma profunda reflexão e assim avaliar o quanto nossas próprias crenças e condutas, nos impulsionam e facilitam a passagem das várias fases de nossas vidas.
De onde partimos e onde estamos? O que ganhamos ou abrimos mão no caminho? Quais as decepções e novas descobertas?
Como sou ajudado e como ajudo? Como colaboro para o bem maior e o amor e alegria de distribuo aos que me cercam?
O mundo não é estático, está em constante mudança, assim como nós; mesmo que não percebamos. E algo muito importante permite nossa vida ter mais significado:
os afetos e ligações que desenvolvemos.
Seja de que nível for, de que escala, ela agrega leveza, delicadeza e suavidade aos nossos dias.
E mesmo hoje, nesse período tão conturbado, onde pessoas tem cada vez menos tempo para contemplar, um sorriso, uma brincadeira, um afago, iluminam nosso dia e podem mudar o curso dos acontecimentos.
As mais desafiadoras buscas são interiores. É lá que se encontra o tesouro a explorar. É no silêncio, na reflexão que o caminho se ilumina A partir dessa exploração consciente, de nossas luzes e sombras, que estes aspectos emergem e nos permitem uma nova versão de nós mesmos surgir. Estamos então completos e, por opção, doamos por inteiro.
Esta é a verdadeira passagem, o verdadeiro renascer. O mais profundo significado da Páscoa, que cria toda a condição e solo fértil, para plantar e se preparar para uma nova colheita.
Como virá à tona a manifestação dessas energias?
@ Debbie Worthington